Reflexão do cartunista Cristiano Onofore, sobre a relação entre escola e prisão, entre marginalidade e mudança social, remetendo (em minha percepção) a Ivan Illich e às teses da desescolarização.
Nesses meus poucos (mas loucos) oito anos de vivência em sala de aula como professor (e como aluno também) eu aprendi uma coisa: a educação no Brasil é, infelizmente, um sistema falido nas mãos do capital. Eu obviamente não sou a favor da redução da maioridade penal, mas tem me incomodado um pouco perceber o quanto a tal EDUCAÇÃO é colocada em argumentos como a salvação, a antÃtese da prisão.
Lembremos que a escola, em seu modelo de funcionamento atual, seja privada ou pública, também tem performado um cárcere, e isso já faz tempo.
A marginalidade é um processo que vai muito além das falhas das escolas, devemos pegar essa nossa energia, tirá-la da ideia vaga de “Educação é a solução” e direcioná-la à s crÃticas que temos aos empresários que transformam as escolas e faculdades em corporações, ao ministério da educação que trata o professor como lixo e diversos outros fatores que provam que a educação AINDA NÃO É A SOLUÇÃO. Seria ótimo se fosse simples assim, mas todxs nós sabemos que não é.
A educação PODE VIR A SER uma solução, mas essa que nós temos aà hoje? Não, essa não.
Não podemos esquecer que a fábrica que constrói as grades da prisão é a mesma que constrói as grades da escola.