Por um lado, a visão de que a universidade será uma instituição “internacionalizada e cosmopolita”, situada entre as 100 melhores do mundo, em qualquer sistema de avaliação possível. Uma entidade cujos “estudantes são disputados pelas melhores universidades dos cinco continentes”, capaz de operar uma “transformação da sociedade, por meio da geração e difusão do conhecimento e formação de pessoas”, em nível global.
Por outro, o entendimento de que a universidade deve atuar mais fortemente junto a sua difícil realidade local e regional, considerando o “imaturo deslumbramento nesta obsessão pelas classificações relativas”, comparadas com concursos que meninos fazem para “para ranquear, à s escondidas, certas partes do corpo”.
Não me vou dar ao trabalho de ligar as citações com suas fontes, pois este debate estabelecido entre altos cargos da Universidade Federal de Pernambuco, a UFPE, está acontecendo publicamente. Seja como for, se há uma instituição social onde é permitido discordar (das ideias, e não das pessoas) é a Universidade.
Mas para discordar é preciso argumentar e, para argumentar é preciso conhecer.
Então, para todos aqueles professores, técnicos, alunos e outros membros da comunidade acadêmica que desejem participar do debate sobre o futuro da UFPE (e da universidade pública brasileira, em geral) que diz respeito a esta visão de futuro marcada pela internacionalização, uma recomendação.
Trata-se do curso Globalizing Higher Education and Research for the “Knowledge Economy” (Globalizando a Educação Superior e a Pesquisa para a “Economia do Conhecimento”), oferecido pela Universidade de Wisconsin”“Madison, na plataforma de cursos online massivos e gratuitos da Coursera, um dos tão falados MOOC.
Mas o que esperar dele? Vamos olhar o que diz a ementa desta iniciativa (a tradução livre corre por minha conta e risco):
As universidades e os sistemas de educação superior em todo o mundo estão sendo transformados por novos atores, práticas, programas, políticas e agendas. Das noções de “competência global” e “campi de ramificação internacional” em direção a cada vez mais comum percepção de que a pesquisa colaborativa internacional é um objetivo desejável, passando por fenômenos como bibliometria, rankings e benchmarking, enquadrados e operados em escala global, os contextos estão mudando.
Entre seus objetivos específicos, podemos identificar:
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Proporcionar o “grande quadro” em relação à globalização da educação superior e da pesquisa.
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Reforçar o valor de se pensar em processos de mudança ao focar as emergências ”“ os limites avançados da mudança ”“ assim como os atritos associados com estes processos.
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Destacar o papel de formas relativas e variáveis de poder no molde de agendas e práticas, assim como padrões irregulares de desenvolvimento e resultados.
Segundo os autores do curso, os professores Kris Olds e Susan L. Robertson, eles esperam promover uma aprendizagem “animada” sobre alguns aspectos chave da educação superior que se encontram em plena mudança. Em suas palavras, “não temos as respostas, mas juntos esperamos que possamos todos utilizar este MOOC para aprender coletivamente sobre este assunto cada vez mais importante”.
O curso começou no dia 24 de março, mas acredito que ainda seja possível se inscrever. Se não for possível, é esperar um pouco, que logo oferecem outra vez.
A inscrição e o acesso podem ser feitas através do Coursera:
Em tempo, também existe outro aspecto interessante desta proposta, o do curso se tornar um recurso educativo gratuito e de acesso aberto. Assim, todos os trabalhos enviados serão associados com uma licença de atribuição Creative Commons, permitindo que este material seja utilizado, copiado, modificado e adaptado para ser vendido comercialmente.
A ideia é facilitar a construção de redes de colaboração entre os participantes, com o compartilhamento de recursos e o surgimento de debates especializados. Ou será que tem algo mais aí?