Artigo publicado no XXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Intercom, 2006, apresentando resultado da análise de conteúdo da divulgação científica realizada na cobertura Folha Online da primeira viagem espacial de um astronauta brasileiro, Marcos Pontes.
Considero este um dos textos mais “redondos” que escrevi: uma pesquisa viável, realizada sem recursos financeiros, mas que estabelece uma ponte entre objetivos e os resultados, amparando-se em uma sólida base teórica, que combina a necessidade de promover a cultura científica, o uso político da divulgação científica e os aspectos mitológicos das narrativas.
Intercom 2006 – Missão Centenário (518 downloads)
Ao realizar um “ego browsing” hoje, descobri que a Força Aérea Brasileira fez uma resenha deste texto. Segue abaixo:
Estudo diz que voo foi “mito ufanista”
O passeio espacial de Marcos Pontes representou retorno positivo ao país? Muita gente diz que não. Entre esses se alinha o pesquisador Marcelo Sabbatini, do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Local da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). No estudo “O astronauta brasileiro e o Regresso das Estrelas: mito e política científica na análise de conteúdo da cobertura da missão Centenário da Agência Espacial Brasileira”, ele arrasa com a imagem criada a respeito do voo do militar brasileiro. Sabbatini ressalta que Pontes foi vendido como “pioneiro” e “herói”, com tinturas de misticismo/espiritualidade apropriadas à construção de um mito.
Pontes não contribuiu muito para driblar seus críticos. Em 18 de maio de 2006, menos de dois meses após desfilar no espaço, o astronauta deixou a FAB e ingressou na reserva das Forças Armadas, remunerado com soldo de tenente-coronel.
De lá para cá, manteve o treinamento na Nasa, mas também dá palestras, leciona em universidade no Brasil e inclusive aparece em comerciais – como o de um travesseiro com tecnologia Nasa, “aprovado e recomendado pelo astronauta brasileiro”.
Fonte: Noticiário de Imprensa da Aeronáutica (NOTIMP), 27 de março de 2011..
Em hora, meu estudo não critica tanto a viagem, como a nota da FAB indica, mas a cobertura midiática realizada pela Folha Online. Se esta cobertura foi influenciada por uma estratégia de comunicação da Agência Espacial Brasileira ou se atendeu a critérios próprios do newsmaking é algo que vai além das possibilidades deste estudo.
Marcello, agradeço se puder entrar em contato comigo. Gostaria de falar contigo a respeito da charge que ilustra este post. Obrigado!