Anteriormente, falei dos riscos que todos nós corremos ao colocar nossos dados na nuvem digital, sob o cuidado de empresas, isto é, de terceiros. Todas suas mensagens de correio eletrônico, as animadas discussões de um grupo na rede social do qual você participa, entre outros conteúdos, estão sujeitos a desaparecer de uma hora para outra.
E agora vem a pergunta: com seu currículo Lattes não acontece o mesmo? Em caso positivo, por que fazer o backup de seu currículo Lattes?
Uma primeira justificativa é justamente esta: os riscos relacionados com tudo o que estiver “plantado” em terra alheia. A base de dados do Lattes, ao estar na nuvem informática, não deixa de ser como qualquer outro serviço da Web 2.0. Em última instância, isto significa que você não possui controle sobre a preservação destes dados.
Tudo bem, pode parecer impensável que os servidores do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq) sejam destruídos/atacados/pulverizados e que ninguém de lá tenha pensado em fazer uma cópia de segurança. Ou de que esta agência bloqueie seu perfil. Mas quem sabe?
Entretanto, um cenário apocalíptico não seria a única forma de ter uma grande dor de cabeça devido à falta de backup. Imagine, por exemplo, ter sua conta invadida e seu currículo completamente apagado. Você imagina um castigo pior que reconstruir, produção por produção, participação por participação, todo seu CV Lattes?
Além do aspecto de segurança, uma cópia local de seu currículo Lattes pod ser publicada em sua página Web ou blog pessoal, contribuindo para a exposição de sua produção científica. Num linguajar técnico, seria uma forma de incrementar sua pegada digital, em sua busca de visibilidade e do reconhecimento acadêmico.
Uma vez reconhecida a necessidade da cópia de segurança de seu currículo, precisamos responder a outra pergunta: como fazer?
O método elegante: utilizando o arquivo XML
Parte de uma plataforma tecnológica altamente sofisticada, o currículo Lattes possui uma ferramenta que possibilita o backup de dados. Ou seja, o por quê, justificado ali em cima, foi contemplado pelos desenvolvedores do sistema.
Mas onde está essa função de backup, que eu nunca vi? Embora não tenha esse nome específico, o backup pode ser realizado através da função “exportar currículo”, na opção XML.
A forma de fazê-lo é bem simples, basta seguir o passo a passo.
Na interface Web de seu currículo Lattes, acesso o ícone “Exportar”.
Escolha o formato XML e depois clique em “continuar”.
O que acontece em seguida depende muito de seu navegador e de como ele está configurado. Mas basicamente, o arquivo XML gerado será salvo em seu computador.
A vantagem deste método é que você está guardando seus dados de forma estruturada, isto é, cada elemento de informação está identificado e categorizado. Ao importar de novo o arquivo XML na interface Web do Lattes ou em algum outro programa de computador que esteja preparado para falar a “linguagem Lattes”, tudo volta a seu devido lugar: tipo de produção, autores, datas, palavras-chave, etc.
Isto também significa que o arquivo XML contem um texto que não é para ser lido por seres humanos, apenas por outros computadores. Faça o teste, abrindo o arquivo como bloco de notas ou qualquer outro editor de texto. A maçaroca que você está vendo é o registro de uma base de dados e, portanto, não tem sentido divulgá-la para outras pessoas.
O método força bruta
De forma diametralmente oposta à exportação do arquivo XML, você também pode fazer o backup de seu currículo Lattes com dados não-estruturados, num único arquivo
Mas o que era vantagem lá, vira desvantagem, e vice-versa. Agora as informações deixaram de ter sentido por si próprias e para reconstruir seu currículo você precisaria copiar e colar os dados em seus respectivos campos. Por outro lado, você consegue ler o currículo, assim como qualquer pessoa que acesse esta versão.
Novamente, não aparece com o título “backup”. Mas a forma de realizá-lo provavelmente você já conhece: através da exportação do currículo para um arquivo RTF, ou seja, um arquivo de processador de texto, num formato quase universal. Neste arquivo você poderá, sim, “mexer”, retirando ou acrescentando informações.
Os passos são basicamente os mesmos, mas com uma tela adicional que permite a seleção dos dados a serem incluídos no arquivo gerado. Como se trata de um backup, a escolha mais lógica é utilizar o modelo de currículo “completo”, para que tudo seja salvo. Clique em “confirmar” e o dowload do arquivo é iniciado.
Tanto num método, como no outro, ainda falta uma ação para que o que você acabou possa ser considerado um backup: o controle de versões. Embora a plataforma Lattes não o faça (e bem que poderia), você pode implementar este passo de forma manual: grave arquivos diferentes, sempre que houver uma modificação de peso em seu currículo. Uma prática recomendável é utilizar a data de sua criação para nomear o arquivo, de forma a facilitar sua identificação e a diferenciá-lo das outras versões, passadas e futuras.
E o meta-backup?
Se você seguiu este tutorial até agora, suas informações do currículo Lattes estão a salvo de qualquer desastre informático, correto?
Na verdade, não, pois para garantir a preservação de seus dados, é necessário ter em mente e executar uma política de backup local. Vírus e falhas no disco duro são as causas mais comuns de perda de dados, mas a Lei de Murphy está sempre em ação.
Por isso, considere realizar um backup do backup, ou seja, um meta-backup
Dito de outra forma, as recomendações tradicionais para realizar cópias de segurança também se aplicam a seus arquivos de backup do currículo Lattes. Tenha em mente o seguinte:
Utilize mídias removíveis. De nada adianta fazer uma cópia de segurança no mesmo equipamento onde está o dado original, pois se este falhar”¦
Mantenha as cópias em um local seguro, de preferência em outro local. Incêndios e roubos são exemplos de como o backup pode ser perdido junto com o original.
Automatize: programas como o IDrive fazem cópias de segurança forma automática, a partir de suas preferências (periodicidade, onde gravar, etc.). Dessa forma, não é preciso que você se lembre de fazer o backup.
A nuvem, paradoxalmente, também é um bom lugar de armazenamento. Embora não seja pensado para o controle de versões, como num programa de backup, o Dropbox lhe garante acesso a seus arquivos a partir de qualquer dispositivo conectado a Internet e mantém um histórico limitado de versões.
Você faz backup de seu currículo Lattes? Já teve algum problema ou incidente que levou à perda de dados? Ou tudo isso é exagero? Participe, comentando o post.