
Foto: Aedrian Salazar / Unsplash
Sempre que fico sabendo de alguém que gastou uma quantia vultuosa para realizar um intercâmbio e “aprender um idioma”, sinto um desalento. Embora não seja especialista em ensino e aprendizagem de idiomas, minha experiência pessoal me diz que o que é realmente necessário para chegar a este objetivo é exposição e prática. Com constância, envolvendo o comprometimento e a autonomia de autodidatas, em atividades solitárias como a leitura, a longo prazo. Ou seja, “soluções” rápidas não funcionam.
Nesse contexto, a busca pela exposição e prática essenciais, que tradicionalmente demandavam contextos específicos e investimentos consideráveis, passa a ser reavaliada à luz das mudanças tecnológicas. A progressiva derrubada de barreiras geográficas e econômicas cria novas possibilidades de imersão linguística. É neste cenário de transformação que a Inteligência Artificial emerge como uma promessa.
Breve percurso do digital versus a aprendizagem de idiomas
Desde a década de 1990 passamos por um processo de digitalização de todos os aspectos de nossa vida. Particularmente, a comunicação se aproximou do conceito de “aldeia global”, defendido pelos teóricos da época.
Nessa progressão, a primeira geração da Internet nos trouxe o texto (e sua versão própria, o hipertexto). Com a banda larga e o desenvolvimento do streaming, o áudio e o vídeo tornaram-se acessíveis. Com a emergência das redes sociais, veio a interação.
Todas essas etapas aumentaram quantitativa e qualitativamente o acesso aos materiais necessários para a exposição a uma língua. Apostilas, dicionários eletrônicos, livros de ficção, filmes, músicas e suas respectivas letras, inclusive o acesso a falantes nativos foi potencializado pelo digital. E agora chega a Inteligência Artificial.
A evolução das ferramentas de IA para aprendizagem de idiomas tem sido notável. O que começou com tradutores evoluiu para ecossistemas de aprendizagem que podem simular conversações naturais, adaptar-se às necessidades individuais dos alunos e oferecer experiências significativas que aproximam o estudante de situações reais de uso do idioma. Mas diante do entusiasmo, o que há de realidade?
O que diz a pesquisa científica?
Um artigo de revisão publicado antes da “explosão” da IA Generativa no final de 2022 já apontava para um uso privilegiado no ensino e aprendizagem de idiomas. Assim, um bom número de pesquisas se concentrou em inglês como língua estrangeira e originadas em países do Leste Asiático. A revisão apontou como benefícios a a personalização do ensino, o feedback imediato e a otimização do tempo dos professores.
Por outro lado, os desafios incluíram precisão, necessidade de validação, vieses, dependência excessiva da tecnologia, potencial violação da propriedade intelectual e questões de privacidade de dados.
Mas principalmente, foi identificada uma lacuna significativa em relação a pesquisas empíricas que possam avaliar a eficácia e as ferramentas de IA. Semelhante a outros campos, como a tecnologia vestível, estes resultados nos informam sobre a necessidade de ir além do discurso puramente retórico e compreender, na prática, como a GenAI pode auxiliar (ou não) a docência e a sala de aula.
De lá para cá, o que mudou?
Mais recentemente, dois estudos mostraram o potencial da IA Generativa como ferramenta de suporte para a aprendizagem de idiomas. Um estudo com a Língua Portuguesa identificou a utilidade do ChatGPT para a correção de erros, sugestão de vocabulário e fornecimento de explicações, ainda que mostrasse limitações para detectar nuances culturais e emocionais.
Outro estudo, também utilizando o ChatGPT, investigou a criação de material didático personalizado, com alguma dificuldade da tecnologia se adaptar a alguns perfis específicos. Em conjunto os estudos encontram indícios de que a IA cumpre algumas funções importantes como o feedback imediato e potencializam a discussão reflexiva e engajamento crítico.
Uma pesquisa realizada no Equador mostrou o impacto positivo do ChatGPT na prática de conversação em inglês. Estudantes do Ensino Médio que usaram sua função de voz para praticar a fala melhoraram significativamente suas habilidades de pronúncia, fluidez, vocabulário e gramática. Os resultados apontam que o uso da IA ajuda a reduzir a ansiedade de falar, proporcionando um ambiente de prática isento de julgamentos. Os autores argumentam que a tecnologia pode ser utilizada para “democratizar o acesso a práticas conversacionais autênticas em contextos educacionais com recursos limitados”.
Pesquisadores da Malásia e da China, que exploraram o uso dos chatbots de IA para aquisição do Inglês e do Chinês como línguas estrangeiras, também viram um cenário positivo. A partir de estudos de caso e dados empíricos, foi traçado um panorama da IA no ensino de línguas, com a identificação das principais áreas de intervenção e das estratégias para superar obstáculos. Ainda que os autores anunciem uma “abordagem transformativa”, com a criação de um “ambiente dinâmico e interativo”, reivindicam uma integração cuidadosa de forma a complementar os métodos tradicionais.
Para a aprendizagem do inglês como segunda língua, um estudo focou o uso de ferramentas de IA para desenvolver as habilidades de escuta e fala. Os resultados indicam que a tecnologia proporciona ambientes de prática seguros e personalizados, um fator importante para superar a falta de exposição à língua e a baixa confiança para falar. Os resultados indicam que o uso da IA trouxe melhorias significativas na fluência de fala e na compreensão auditiva dos alunos.
Por fim, um Trabalho de Conclusão de Curso, elaborado em uma universidade pública brasileira, descreveu o desenvolvimento e a análise de um chatbot conversacional multimodal voltado à prática autônoma de idiomas, baseado na IA da OpenAI. A ferramenta combina diferentes modalidades de entrada e saída: texto, voz, imagens e documentos em PDF, sendo capaz de operar em diversos idiomas e contextos. Os testes realizados indicaram bom desempenho em termos de adaptabilidade linguística, interação multimodal e coerência comunicativa, além de potencialmente ser uma solução economicamente vantajosa em relação a formatos convencionais de tutoria.
Usos da IA Generativa na aprendizagem de idiomas
Personalização
Anunciada como o grande aporte da Inteligência Artificial para o âmbito educacional, mesmo antes do surgimento das IAs generativas, a personalização assume relevância no aprendizado de idiomas. Conforme os métodos tradicionais seguem uma abordagem única, independentemente da proficiência e/ou interesses dos alunos, IA pode identificar áreas de dificuldade, ajustar o conteúdo às habilidades e mesmo usar temas com os quais o aprendiz tenha maior afinidade.
É a ideia da tutoria inteligente, aplicada a um contexto bastante específico, com o ajuste da dificuldades das lições sendo realizado de acordo com o progresso individual. Contudo, essa personalização pode ir além da resolução de exercícios. O desempenho em uma conversação ou mesmo a pronúncia em situações de fala podem ser objetos de análise em tempo real.
Mais além do cognitivo, o benefício é afetivo, no sentido de aumentar a motivação e o engajamento, ao manter os alunos desafiados em tarefas que estão a seu alcance de realização.
Feedback instantâneo e contínuo
Em todos os âmbitos da aprendizagem de um idioma é necessário ter retorno, feedback: pronúncia, gramática, vocabulário, uso de expressões idiomáticas, etc. Nos métodos tradicionais, este feedback fica limitado ao tempo de aula e mesmo à disponibilidade do professor em função do número de alunos presentes. A IA, entretanto, promete oferecer orientação imediata, instantânea, reforçando a aprendizagem a partir da problematização do erro.
Diante da emergência de sistemas multimodais, o feedback pode ocorrer inclusive na avaliação da pronúncia. Por exemplo, a plataforma Azure (Microsoft) promete avaliar “precisão, fluência, prosódia, uso de vocabulário, correção gramatical e compreensão de tópicos da fala”.
Acesso e escalabilidade
Como entidades digitais, os chatbots podem ser acessados 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano, de acordo com a conveniência do estudante. É a ruptura com os limites de espaço e tempo que caracterizam as tecnologias digitais, mas com o diferencial de uma interatividade que não ser= encontra em qualquer outra tecnologia. Basicamente, esta flexibilidade permite ter um “professor nativo de bolso”, que não se limita a restrições de horários e localizações.
O acesso também se reflete em escalabilidade, conforme o número de alunos que podem ter acesso a este tipo de plataforma é considerável. É preciso reconhecer um grande entrave para a aprendizagem de idiomas: a natureza interpessoal do ensino, isto é, depende de grupos pequenos ou aulas individuais para que a prática e a imersão ocorram. Particularmente em contextos com menos recursos e falta de professores experientes e qualificados, a tecnologia poderia ser entendida como uma forma de democratização.
Construção de vocabulário, ortografia e gramática
Com sua característica reativa, os sistemas de IA podem sugerir vocabulário relevante, com base no contexto de uma conversação ou do estudo de determinado texto, facilitando a aquisição de vocabulário. Ao integrar novos vocábulos em cenários realistas, o sentido de usos e contexto é realçado.
De forma similar, os chatbots também podem focar os aprendizes na aplicação e compreensão de regras gramaticais. A gramática pode ser abordada numa perspectiva de aprendizagem significativa através de correções e explicações, em seu contexto de uso. O loop de feedback interativo auxilia a internalização das regras gramaticais, em oposição a uma mera memorização, conforme apontado pelas pesquisas.
Prática de conversação
Como agente conversacional, a IA se destaca neste ponto, oferecendo oportunidade de prática da oralidade e da escrita. Simular conversas naturais com um nativo do idioma (mesmo que artificial), em situações que vão de situações cotidianas ao meio profissional, permite o exercício da linguagem sem o temor de passar vergonha. Junto à possibilidade de personalização, a perspectiva é de imersão linguística.
Um elemento que tem sido apontado como diferencial, além da disponibilidade praticamente ilimitada do meio digital, é a redução da pressão e ansiedade associadas à comunicação interpessoal. Dessa forma, ao contrário de uma sala de aula, as ferramentas de IA podem ser um ambiente livre de julgamentos, para que os aprendizes desenvolvam sua autoconfiança.
Particularmente, as capacidades multimodais são uma das inovações recentes que diferenciam a IA em relação a qualquer tecnologia anterior (aprendizagem programada, multimídia, etc.). Com isso, se abrem oportunidades para a prática da expressão falada, acompanhada de feedback. Por sua vez, ao “falarem” os chats também estimulam a compreensão auditiva.
Tradução contextual
Embora possa ser considerado um tema em si, a tradução também desempenha um papel importante no ensino e aprendizagem de idiomas.
Neste ponto, cabe destacar que as ferramentas de tradução baseadas em IA vão além da simples conversão palavra por palavra, oferecendo explicações sobre nuances culturais e uso contextual de expressões.
Com isso, a tradução em tempo real de trechos de texto ajuda a apreensão de novo vocabulário em seu próprio contexto.
Principais ferramentas e plataformas
Chatbots
Os agentes de conversação baseados em IA generativa são a primeira opção para se estudar um idioma, de forma autônoma. Ao permitir diálogos e conversações realistas, e contando com um bom domínio dos aspectos formais da linguagem, podem ser utilizados através de prompts específicos.
No entanto, o uso efetivo dos chatbots depende de uma mediação crítica: é necessário não somente de prompts que deem conta das especificidades do ensino de um idioma (e há Licenciaturas dedicadas a este objetivo), como uma certa capacidade de autoavaliação. Inclusive, o feedback proporcionado pode sofrer da sicofantia (servilismo), buscando ser agradável ao usuário e comprometendo a correção de erros que uma mediação pedagógica qualificada proporcionaria.
Plataformas e aplicativos especializados
Além dos chatbots genéricos, há uma crescente oferta de ferramentas focadas na aprendizagem de idiomas. Como vantagem desta especialização, os dados coletados massivamente de seus usuários ajudam a desenvolver os algoritmos, através da identificação de padrões de erros e de aprendizagem, que podem aperfeiçoá-las.
O próprio Duolingo, desde seu início anunciava lições ajustadas de acordo com o nível de habilidade do usuário, além da experiência lúdica e gamificadas. Recentemente, porém, a empresa ganhou destaque negativo devido ao fato de ter demitido praticamente toda sua equipe humana, substituída por Inteligência Artificial.
Paralelamente, outras plataformas passaram a incorporar IA ou foram lançadas depois do boom. Languatalk, Rosetta Stone, Memrise, todas utilizam algoritmos para proporcionar experiências personalizadas, em oposição as tradicionais “aulinhas de inglês” ou no ensino massivo de escolas.
Algumas, como a Languatalk, adotam um modelo híbrido, reconhecendo a importância da docência humana. Enquanto tutores de “carne e osso” são responsáveis pela orientação, suporte emocional e avaliação qualitativa, a prática contínua, repetitiva, intensa é realizada em sessões tecnológicas.
Esta abordagem dualista reconhece que “embora ter um tutor qualificado seja o caminho mais rápido para alcançar a fluência, nem todos podem pagar por sessões regulares”, colocando-se assim como uma tecnologia de democratização, apesar de seu custo relativamente elevado.
Desafios e limitações
Apesar de toda esta série de benefícios, qualquer uso de tecnologia educacional também deve ser analisado a partir de implicações que transcendem o pedagógico e das condições reais de uso.
Viés linguístico e representação limitada
Um desafio significativo é o viés linguístico inerente aos modelos atuais. Embora existam mais de 7.000 idiomas no mundo, a maioria dos chatbots de IA é treinada em apenas cerca de 100 deles, com forte predominância do inglês, uma disparidade que desequilibra a qualidade e disponibilidade de recursos para diferentes idiomas. Para os menos representados, a tecnologia pode perpetuar desigualdades linguísticas existentes.
A predominância do inglês como língua de treinamento dos modelos de IA também pode levar a vieses e inclusive erros.
E mesmo num idioma amplamente representado, como o espanhol ou o francês, os modelos de IA tendem a privilegiar variantes “padrão”, em detrimento de formas regionais, dialetais ou populares. Isso pode levar à invisibilização de identidades linguísticas diversas e à reprodução de hierarquias que desvalorizam modos legítimos de expressão.
Precisão e nuances culturais
Inclusive para idiomas bem representados nos conjuntos de dados de treinamento, existem preocupações sobre a capacidade da IA em capturar adequadamente detalhes relacionados a aspectos culturais. Uma linguagem não existe no vácuo, está intrinsecamente ligada a aspectos culturais, históricos e sociais que sistemas automatizados podem não compreender.
Além disso, a tecnologia também falha na identificação de erros de linguagem e muitas vezes é incapaz de proporcionar uma explicação ou uma correção.
Especialmente, apesar das promessas de feedback instantâneo, os modelos de IA também apresentam dificuldades diante de atos de fala mais sutis, como ironia, humor, ambiguidade ou variações de registro, elementos que são essenciais ao uso competente da língua.
Falta de interação humana
A aprendizagem de uma língua é uma atividade essencialmente social e intrinsecamente humana. Apesar das oportunidades de prática e imersão, a ausência de interação pode limitar o desenvolvimento de habilidades críticas de comunicação.
Na interação entre falantes humanos, o significado é construído de forma colaborativa, com negociações, reformulações e inferências contextuais. Por mais avançada que seja, uma IA não participa desse processo de forma plena, restringindo o desenvolvimento de competências discursivas e interpretativas mais complexas.
Como no ponto anterior, as nuances de uma conversação, como sinais não-verbais, empatia e a habilidade de detectar e se adaptar ao estado emocional do aprendiz ainda não estão presentes.
De forma associada, o elemento humano também está relacionado à dinâmica emocional. A interação com o chatbot pode se tornar pouco motivadora e reduzir o engajamento.
Dependência de dados e riscos à privacidade
O funcionamento dessas plataformas baseadas em IA depende da coleta e análise contínua de grandes volumes de dados dos usuários, incluindo padrões de aprendizagem, erros recorrentes e preferências individuais.
Embora essa coleta vise a personalização do ensino, ela também levanta preocupações relacionadas à privacidade, à transparência no uso das informações e ao potencial uso comercial dos dados educacionais.
Mito da democratização
Apesar do acesso contínuo e da escalabilidade acenarem com uma perspectiva de democratização, o acesso a essas tecnologias ainda depende de fatores como conectividade, letramento digital, proficiência em línguas dominantes nas interfaces e capacidade de investimento dos sistemas educacionais. Assim, em vez de eliminar desigualdades, essas soluções podem reproduzi-las ou até ampliá-las.
Finalmente, mesmo em contextos desfavorecidos, a “solução IA” não deve substituir um compromisso político, pedagógico e ético com uma educação de qualidade. A mediação humana, o planejamento didático e a construção coletiva de conhecimento a partir do uso crítico da tecnologia devem ser considerados, sempre.
Melhores práticas e recomendações
Equilibrando os benefícios e os desafios, como implementar o ensino e aprendizagem de idiomas através de ferramentas de IA?
Integração equilibrada
Segundo Rose Souza, fundadora da Companhia de Idiomas, “não é porque podemos muito que devemos fazer tudo, sem saber estabelecer limites para nós mesmos”. Dessa forma, a IA poder ser uma ferramenta complementar, não um substituto de métodos que comprovadamente promovem o desenvolvimento cognitivo e a reflexão ativa.
Nesse sentido, tarefas que se beneficiam da precisão e velocidade da tecnologia, como verificação gramatical, expansão de vocabulário e prática de conversação podem ser atribuídas à IA. Já atividades que exigem pensamento crítico e expressão criativa podem ser orientadas à mediação humana.
Uso estratégico
Para estudantes que desejam incorporar IA em seu aprendizado de idiomas, é recomendável utilizar diferentes ferramentas, para diferentes propósitos. O ChatGPT pode servir para praticar conversação através de um prompt relativamente simples, adaptado para os interesses e níveis de habilidade do usuário.
Já para atividades mais estruturadas, focando em gramática por exemplo, os aplicativos e plataformas podem fornecer uma orientação mais estruturada.
Porém, é importante que esse uso seja crítico e orientado por objetivos pedagógicos claros. A combinação de diferentes ferramentas pode enriquecer o processo de aprendizagem, mas não deve ser confundida com autonomia total e, nesse sentido, a orientação de um docente qualificado pode fazer a diferença.
Formação docente
Particularmente em contextos de educação formal, a integração demanda que os professores compreendam o potencial e limites da tecnologia e saibam utilizá-la além do uso instrumental. Programas de formação continuada devem abordar o uso pedagógico da IA, destacando a curadoria de prompts, a análise crítica das respostas geradas e a articulação dessas interações com objetivos curriculares.
Entretanto, toda esta discussão ainda se depara com falta de conhecimento e desconfiança. Um levantamento sobre a percepção de docentes sobre a IA generativa em aulas de língua estrangeira evidenciou que estes não possuem uma opinião formada sobre o impacto da IA na educação e que apenas 40% afirmam utilizar a IAG na sua prática docente.
Interação social e comunidades de aprendizagem
Como dito, a aprendizagem de idiomas é, por natureza, uma prática social. Por isso, é importante que o uso da tecnologia se articulem com experiências que envolvam os aprendizes, suas experiências e percepções. Fóruns online, grupos de discussão e plataformas colaborativas podem ampliar o sentido comunitário de aprendizagem e o compartilhento de dúvidas, conquistas e estratégias de uso da IA.
Avaliação e aperfeiçoamento contínuos
A implementação de tecnologias de IA na aprendizagem de idiomas deve ser acompanhada por processos sistemáticos de avaliação. Isso inclui a escuta ativa dos aprendizes, a análise de métricas de desempenho e, sempre que possível, estudos observacionais que considerem não apenas os resultados imediatos, mas também os efeitos a médio e longo prazo.
As informações obtidas por meio dessas avaliações devem ser usadas para o aprimoramento contínuo das ferramentas, com foco na usabilidade, acessibilidade e relevância pedagógica.
Finalizando
Como em toda discussão sobre presença da IA na educação, seu uso para o ensino e aprendizagem de idiomas não deve ser encarado como uma solução neutra ou inevitável, mas como uma escolha pedagógica que carrega implicações.
Seu uso exige posicionamento: diante da promessa de personalização e acesso, é necessário garantir que tais avanços não sejam acompanhados pela erosão do papel docente, pela padronização das experiências linguísticas ou pela mercantilização do aprendizado. O desafio, como sempre, não está em aderir ou rejeitar a tecnologia, mas em disputá-la — politicamente, pedagogicamente, eticamente.