Marcelo Sabbatini

As grades da prisão e as grades da escola

As grades da prisão e as grades da escola

Reflexão do cartunista Cristiano Onofore, sobre a relação entre escola e prisão, entre marginalidade e mudança social, remetendo (em minha percepção) a Ivan Illich e à s teses da desescolarização.

Nesses meus poucos (mas loucos) oito anos de vivência em sala de aula como professor (e como aluno também) eu aprendi uma coisa: a educação no Brasil é, infelizmente, um sistema falido nas mãos do capital. Eu obviamente não sou a favor da redução da maioridade penal, mas tem me incomodado um pouco perceber o quanto a tal EDUCAà‡àƒO é colocada em argumentos como a salvação, a antítese da prisão.

Lembremos que a escola, em seu modelo de funcionamento atual, seja privada ou pública, também tem performado um cárcere, e isso já faz tempo.

A marginalidade é um processo que vai muito além das falhas das escolas, devemos pegar essa nossa energia, tirá-la da ideia vaga de “Educação é a solução” e direcioná-la à s críticas que temos aos empresários que transformam as escolas e faculdades em corporações, ao ministério da educação que trata o professor como lixo e diversos outros fatores que provam que a educação AINDA NàƒO É A SOLUà‡àƒO. Seria ótimo se fosse simples assim, mas todxs nós sabemos que não é.

A educação PODE VIR A SER uma solução, mas essa que nós temos aí hoje? Não, essa não.

Não podemos esquecer que a fábrica que constrói as grades da prisão é a mesma que constrói as grades da escola.

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