Marcelo Sabbatini

Desperdiçando a vida dentro de um carro zero

A circularidade vazia da lógica consumista contemporânea, o ciclo autodestrutivo de trabalho e consumo. A autoconsciência neutralizada pela satisfação superficial de possuir um objeto de status.

Consumir substitui o viver, e confundir meios (ferramentas que deveriam facilitar a vida) com fins (a própria qualidade de vida).

Satã se diverte - Deixa eu ver se entendi, você trabalha seis dias por semana para poder pagar um carro que só serve pra te trazer pro trabalho? - Isso mesmo! - Mas você está desperdiçando sua vida, não está? - Dentro de um carro zero, sempre bom lembrar.

Satã se diverte

– Deixa eu ver se entendi, você trabalha seis dias por semana para poder pagar um carro que só serve pra te trazer pro trabalho?
– Isso mesmo!
– Mas você está desperdiçando sua vida, não está?
– Dentro de um carro zero, sempre bom lembrar.

E a charge de Cristiano Onofre, nos lembra uma citação de um ferrenho crítico da sociedade industrial:

No momento em que uma sociedade se torna tributária do transporte, não somente para as viagens ocasionais, mas também para seus deslocamentos cotidianos, se torna visível a contradição entre justiça social e energia motorizada, isto é, entre a liberdade da pessoa e a mecanização da rota. A dependência, em relação ao motor, nega a uma coletividade exatamente aqueles valores que se considerariam implícitos ao melhoramento da circulação.
(Ivan Illich, Energia e Equidade)

 

 

 

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